Damo-nos umha pausa nas férias estivais para partilhar como vivemos as primeiras seis luas do ano e fazer balanço do caminho andado até aqui.
Num ano no que as dificuldades seguirom estando presentes por mor da situaçom pandêmica, levar adiante qualquer iniciativa (e mais ainda quando se trata de projetos radicados na corporalidade, na presença e no contato) é todo um desafio. Reformular as expectativas foi vital para lidar com as frustraçons e reconhecer o valor do que fazemos.
Fechamos este curso com a última sessom do obradoiro Tribalizando (auto)cuidados em comunidade. Umha sessom na que dançaremos acompanhades da erva, das árvores, da brisa e do sol para inspirar-nos nessa busca cara a tecer bons viveres.
Umha sesssom para fortalecer o nosso desejo de construir redes sólidas de cuidados que sustentem a nossa existência e abram horizontes de vidas dignas, plenas, prazerosas e em harmonia.
Pôr limites é exercitar-nos na autopreservaçom. Se falamos de autocuidados esta práctica é vital e acostuma nom estar presente no nosso repertório, especialmente para as pessoas socializadas como mulheres ou construidas dentro do que se adoita etiquetar como “femenino. O mandato social que nos construe como seres para outros e o bloqueo da agressividade (umha funçom adaptativa que em absoluto é sinônimo do violência) fam com que pôr limites ás demandas e necessidades alheias, cuidar o nosso corpo-território da sobre exploraçom e do cansaço, seja umha tarefa difícil para muites de nós.
No entanto, hoje em dia (e desde sempre na memória dos povos originários) sabemos que o crescimento exponencial é unha falacia desenvolvimentista. Nada vivo pode medrar e produzir indefinidamente. Tampouco cuidar. Os limites som umha práctica de afetividade para conosco e de defesa das nossas necessidades e ritmos. Um gesto de autorespeito e autoestima. E portanto também cara a comunidade, ao favorecer a co-responsabilidade e o reparto equitativo dos cuidados.
“Reconhecer o poder do erótico em nossas vidas pode dar-nos a energia necessária pra fazer mudanças genuínas no mundo.” Num dos seus ensaios mais conhecidos, Audre Lorde fala do erótico como umha fonte de conhecimento e poder.
Exercitar-se no pracer é (re)descubrir o caminho que nos leva a ganhar poder sobre nós. Estar en conexión com os nossos desejos e necessidades. Identificar àquilo que me faz bem e tomar decisons a partir desse conhecimento.
Viver desde o prazer também supom interagir de outra maneira com o mundo, saboreando as pequenas (e grandes) ledicias que a vida nos ofrece cada dia.
Capaz nom te decataste de que êste mês nom convoquei o Encontro Biocêntrico Tecendo Saúde. O motivo é simples: depois de muito reflexionar decidim que é o momento de fechar este projeto. Polo menos na sua forma atual. Fago-o desde o sentir profundo de que este projeto cumpriu com os objetivos marcados e tivo a sua funçom na algura na que nasceu, alá polo mes de abril, em pleno confinamento. Porém agora é tempo de sacar as tesouras e fazer poda.
“Durante os meses de confinamento domiciliário, dado o isolamento em que se encontravam muitas pessoas e os altos níveis de mal-estar psíquico, abrimos um espaço biocéntrico em linha do cuidado comunitário da saúde. Encontros virtuais umha vez por mês nos quais poder partilhar sentires, reflexons e práticas saudáveis. Tecendo saúde foi o nome dado a esse projeto piloto de investigaçom-açom no que experimentamos com a Biodanza no contexto virtual.
Os objetivos eram claros: mover o corpo, aliviar tensons, recuperar alento. Fomentar o sentimento de pertença a umha comunidade que cuida da saúde pessoal e coletiva. Trabalhar conteúdos tam fundamentais como a sustentabilidade da vida desde linguagens e racionalidades nom hegemónicas. Através da co-escuita, da palavra sentida, da vivência, do movimento, dos elementos simbólicos e da música abrimos portas a aprendizagens em comum tendo a afetividade como guia. Ao longo de onze meses refletimos sobre cuidados e auto-cuidados, interdependência, vulnerabilidade, memória, território, espiritualidade, comunidade. Nom a partir do teórico, mas do experiencial, do mítico, do poético, sem prejuízo de nom estar a partilhar presencialmente.
O corpo é o território no que se materializam os (des)cuidados. Aprender a habitá-lo desde o reconhecimento das suas necessidades, memórias e cambios é caminhar cara a cuidar-nos e cuidar de umha maneira mais encarnada e sustentável.
A vitalidade é um elemento central para a saúde e o bom viver. Trata-se da energia disponível para a açom e vai associada ao equilíbrio orgânico, sensaçom de bem estar, abertura e disposiçom para alegrar-se. Também tem relaçom com os instintos e portanto com as funçons que garantem a sobrevivência e a auto conservaçom.
Este é o convite para o próximo Encontro Biocêntrico On Line Tecendo Saúde que terá lugar o domingo 25 de abril de 18:30 a 20:45h.
“… y llegará el instante en el que mires el mapa y el lugar seas tú.” Èlia Farrero
Como som os lugares nos que me sinto confortável, em segurança e cuidade? Dou-me permisso para passear polas minhas paisagens internas? Por quais territórios transito e quais permanecem desconhecidos? Como estou a viver a mingua dos espaços coletivos de encontro e partilha desde que se instalou a pandemia nas nossas vidas?
Navegar por estas e outras perguntas para descubrir através do corpo e da vivência possíveis rotas que nos ajudem a seguir construindo o nosso mapa dos (auto)cuidados. Este é o convite da segunda sessom de Tribalizando, dirigida a exploraçom do papel dos espaços para os (auto)cuidados.
Recebemos a primavera e a sua promessa de luz, calor, fertilidade. No hemisfério norte é momento de plantar sementes para que a vida possa florescer com intensidade. A primavera representa a vitalidade, a criatividade, a expansom. A possibilidade de renovar cada dia, mesmo em situaçons de estrés, a energia necessária para desenvolver o nosso projeto existencial.
Em Biodanza concebimos a vitalidade como a pulsaçom entre a açom e o repouso. Dessa pulsaçom derivam os processo de renovaçom e equilíbrio orgânico, o que favorece a estabilidade dinâmica dos biosistemas e alimenta o fluxo de energia vital.